city-scape

segunda-feira, outubro 17, 2005

 
ATENAS
Há poucas cidades que me atraiam tanto. Atenas tem aquilo que eu procuro, o caos, a poluição, a descontração, a ocupação, a gastronomia, a frequência das ruas, e muito mais que tudo isto. Passei 3 vezes por lá em anos par, 2000, 02, 04. Em 2006 lá terei que voltar, com todo o gosto vou manter a tradição.
As duas primeiras idas tiveram contexto muito particular, férias de família na Grécia, uns dias em Atenas só pra picar o ponto na capital. Alguns museus, obviamente a Acrópole (à qual já voltarei), passeios pela Plaka, inesgotáveis, nem uma saída à noite. Agrada-me percorrer a cidade de carro, olhar para aqueles edifícios de aspecto clandestino, separados uns dos outros, com armaduras de ferro não rematadas no cimo das coberturas planas. De vez em quando há tentativas de modernizar a paisagem, edifícios feios que conferem à cidade um carisma especial, uma imperfeição que me comove.
Atenas é mais do que sentir o peso de um Império ido, apesar dos locais se refugiarem no 'berço da civilização' como nós fazemos com os Descobrimentos. Provocam-nos também insistentemente com o resultado do Euro 2004, ainda mais naquele Verão.
A escala da cidade agrada-me, 3 ou 4 milhões de pessoas. Criam-se naturalmente alguns bairros com diferentes conotações, como Psiri e Nea Smirni, aos quais comecei a afeiçoar-me na última visita. Vindo de Corfu, em pleno Agosto, inter-rail, Jogos Olímpicos, que animação. Foi diferente daquela vez, estar por minha conta em casa de um amigo ateniense, que dali a 2 meses iria prestar serviço militar, obviamente desejoso de queimar os últimos cartuchos de liberdade. O espírito hospitaleiro dos gregos é inigualável. Rodeados por países politicamente instáveis, com longa tradição de guerras, para os gregos é extremamente importante receber bem a Europa e o Mundo.
Estar em Atenas implica visitar a Acrópole, já para não falar no Licabetus, que vistas inacreditáveis da cidade. Na Acrópole percebe-se o que é arquitectura, apesar de posteriormente não ser fácil explicar. Gosto de ficar sentado à sombra a olhar para o Parthenon, muito tempo, desenhar, fotografar. É das coisas que me dá prazer na vida, dos lugares onde realmente sinto qualquer coisa especial, não há muitos em que isso aconteça. Igualmente marcante é confrontar o que rodeia esta colina monolítica, um aglomerado de edifícios, uma cidade com carácter.
Viver os Jogos Olímpicos é como dar a volta ao mundo sem saír do sítio. Quem diria que no mesmo dia era possível assistir a um jogo da dream team com um amigo americano, encontrar conhecidos espanhois, mais tarde brindar com iraquianos, caminhar pelas ruas e reconhecer nacionalidades pelas bandeiras que cada um exibia. Em Atenas a cidade e os seus habitantes também participavam, compravam-se bilhetes no mercado negro, na praça principal, legal por ser ali. E assim fui ver o Obikwelu e a final feminina de volei de praia, mais que um jogo, uma autêntica beach party.
Positiva a possibilidade de fugir da confusão turística, sorte estar com alguém que conhece os sítios, as melhores praias, os restaurantes mais incríveis, uma discoteca onde sem dúvida passei uma noite inesquecível: Envy Sea Side.
Há tanto a dizer sobre Atenas que nem sei por onde começar.
Paulo Moreira





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