city-scape

segunda-feira, novembro 28, 2005

 
BANGKOK por Paulo Moreira

Outro estilo que me agrada, viagens-surpresa.
Nunca imaginei que fosse a Bangkok, até uns quatro ou cinco dias antes de ir. Não quis ver imagens com antecedência, mesmo que quisesse não me tinham deixado. Ainda bem. Tinha que aterrar em Bangkok e não fazer ideia de nada. Três dias em Bangkok é uma experiência intensa. É indiscritível. Há um bar ao ar livre no topo de um edifício com cinquenta e nove pisos, de onde não se vislumbra o fim da cidade em qualquer dos sentidos.
Há muitas auto-estradas, viadutos caóticos, espectaculares.
Talvez seja a cidade mais barata onde já estive. Dei por mim a regatear vinte cêntimos, que situação. Os templos budistas são algo que não imaginava, o mundo afinal é diverso. Fiquei a pensar sobre isso enquanto recebia uma massagem, antes de ir à BedSupperClub.
Engraçado, perguntaram-me de onde era e respondi: “I’m from Europe”.“Ah, Europe!”. Que satisfação, que bom que é viajar sozinho, sentir-me exótico, diferente. Que viagem alucinante, que bom que é andar de tuc-tuc.

 
BUDAPESTE por Paulo Moreira

Gosto de não ver tudo quando visito uma cidade. Ver só uma parte. Ir a algum lugar sem propósito, simplesmente passar por lá e ficar com uma ideia. Ir a algum lugar propositadamente para entrar num edifício específico.
Em Budapeste foi assim. Na primeira vez eramos estranhos, ausentes, vagueávamos pelas ruas observando aqueles muros desfeitos pelo tempo, uma cidade que se percebe que já foi capital de um Império.
A primeira impressão não foi positiva. Assistimos a um assalto, espero que tenha sido só isso. Saír à noite –a noite de Budapeste... – acordar tarde, internet, almoço, deambular e tirar fotografias. Esquecemo-nos de ir às termas, mas não fiquei preocupado porque assim tinha motivos para voltar.
No ano seguinte, numa quarta-feira de Julho, um amigo perguntou-me: ‘Queres ir para Budapeste amanhã?’. De facto fomos. Convém esclarecer que na altura vivia em Basileia e nos fins-de-semana apetecia-me viajar, felizmente tinha dinheiro para isso.Encontrei uma cidade muito diferente, já sem os montes de neve preta nos passeios que havia na primeira visita. Agora estava calor, o BudahBeach era ao ar livre, as três termas a que fomos tinham cada uma o seu encanto, não consigo decidir qual a que mais gostei. Uma certeza pelo menos tenho: sente-se ali uma atmosfera qualquer que me fez lembrar as montanhas de Vals. Tudo fazia sentido, as coisas relacionavam-se, é isso que procuro.

 
CRACÓVIA por Paulo Moreira

Viagens, não tenho um estilo preferido. Gosto de viagens curtas, longas, solitárias, bem acompanhadas. Cada uma tem as suas particularidades.
A Cracóvia fui sozinho. Uma viagem pouco racional, gosto disso. Era Domingo e estava em Praga, tinha avião de Estugarda para Lisboa na quarta-feira seguinte, ainda tinha tempo. Não conhecia a Polónia, diziam bem daquele país. Na segunda-feira apanhei o comboio nocturno, terrível, inseguro, muito tempo na fronteira, línguas desconhecidas.
Cheguei a Cracóvia pela manhã, muito cedo, a camioneta para Auschwitz era só às 10h. Auschwitz e Birkenau... há que lá ir, passar algum tempo triste, chocado.De volta a Cracóvia era tempo de procurar abrigo, uma noite só. Viajar sozinho permite conhecer muita gente. Numa camarata eramos quatro, todos em viagem solitária. Seguindo alguns conselhos prévios, jantei muito bem e fui saír, um dia de semana em Maio, mas uma noite no mímino divertida. Tenho que voltar a Cracóvia.

terça-feira, novembro 22, 2005

 
BARCELONA por Inês Moreira

BCN x 3 diários

Barcelona. Não é a minha cidade. Essa é o Porto, embora eu viva há 2 anos emLisboa. Barcelona, é lugar comum dizer-se, para mim é um conjunto de cidades diferentes que fui experimentando ao longo do tempo. Não tinha esta noção, até que estive em Barcelona em Novembro (neste!) e vim com a incumbência de colaborar no city-scapes. Ficam algumas memórias destas 3 cidades.

1. do postal de história da arte ao erasmus (até 2000)
a primeira BCN, das férias com os pais e irmãos, do Gaudí, do Dali, do Miró, das sardanas, dos jogos olímpicos, do Picasso, figuras que depois aprofundei na visita de estudo da escola secundária (também envolvida em estórias da turma) é a cidade da moldura postal, a da historia da arte moderna. Conheci uma cidade que me fez querer regressar no programa erasmus, no 5º ano da faculdade. Então, quis viver no ensanche, esse ícone do urbanismo moderno. A linha verde levava-me do meu quarteirão até à cidade universitária, na ponta dadiagonal, um pólo concentrado de serviços para estudantes que eu também não conhecia. Divagava pela BCN de experts pouco experts, uns lugares alternativos, uns bares de cava e champanhe, muito estrangeiro. Muito português, pouco catalão. No meio de muito projecto e da teoria da arquitectura que aí conheci, explorei a cidade antiga, o colégio dos arquitectos e a sua biblioteca. Por diversos meios absorvia informação. Conhecia uma BCN ainda muito mainstream.

2. a transição: do ensanche para a cidade velha (2001-2003)
Foi num curto estágio que realmente conheci a cidade velha.
Trabalhava numa passage, essa figura do urbanismo do século XIX (que em Portugal não existe), que só conhecia dos livros. Trabalhava com gente que já vivia fazia tempo e me mostrou um pouco mais, numa visão mais “de dentro”. Então, nos percursos ensanche-gótico and back, fui conhecendo uma cidade à qual quis voltar. Inscrevi-me no mestrado e, já sem tugas nem referentes conhecidos, mais importantes do que aqui parece…). No pólo cultural do macba/cccb estabelecia percursos até ao borne onde vivia. Após as aulas de mestrado fazia uma descoberta diária de novos lugares. A sesta, as sombras, o raval cada vez mais profundo e menos temido dado o meu conhecimento. O domínio da cidade deu-me a sensação de ser agora um deles. Estava já camuflada. Bcn era minha. Existia todo o tempo do mundo para lá estar. Sempre pensei que ficava até que fui para Lisboa. E voltei para conhecer BCN diferente.

3. BCN – pós estudos. 2004-2005
ir e vir. ir e vir.
em 2004 com Paulo. Em 2005 com o Paulo e com a Violeta, encontrando o meu irmão a viver no meu bairro. Já não é primavera-verão (as épocas de mestrado), mas sim Outono. E chove… muito não é a mesma cidade. Agora BCN é outra. Não há tempo para fluir na sua naturalidade. Há agora uma agenda, reuniões, contactos. Não tenho casa, fico num hotel: 1º central, para fingir que ainda lá estou. Depois mais longe, melhor, com mais qualidade e já pago pelos espanhóis que organizam a feira na qual participo. Não posso andar de metro, pois a violeta ainda é frágil e o seu carrinho pesado. Não vou à biblioteca, vou à livraria, aproveito para trazer a informação que lá não chega tão cedo. Não vejo os meus amigos, mas conheço gente e faço outros contactos. Penso ir à cidade que antes também era minha e não a encontro. Isto é surpreendente. Encontro uma outra BCN, que continua aberta, em novidade e variedade. Espero voltar com mais tempo, dentro em breve. Para mim Barcelona é BCN x 3.
São 3 cidades que conheci.
Pensando nelas, espero que venham a ser ainda mais.

Inês

quarta-feira, novembro 16, 2005

 
BARCELONA
Podia escrever sobre Barcelona todos os dias durante muito tempo que teria sempre histórias diferentes para contar. Parece-me que quando se visita uma cidade incessantemente é tempo de se mudar para lá. Costumava vir cá sempre que podia, nos últimos anos, pelos mais diversos motivos. De modo que, naturalmente, era hora de viver aqui, gastar as pedras das ruas mais um bocadinho, repetir um trajecto várias vezes por dia e sentir prazer com isso, sentar-me na varanda sem vontade de cozinhar, ollhar lá para fora e reparar que me sinto bem nesta cidade.


Paulo Moreira

quarta-feira, novembro 02, 2005

 
BARCELONA por Marta Abreu

Barcelona é uma cidade onde não podemos estar parados, porque ela não nos deixa. Barcelona obriga-nos a andar de um lado para o outro para a conhecermos, a olhar para todos os pormenores nas ruas, nas praças, nas vielas, nos edifícios, nos vários bairros. E mais – obriga-nos a estarmos atentos a milhares e milhares de detalhes e recantos.
Por mais guias, revistas e livros que possamos ler sobre esta cidade, o mais aconselhável seria VIVER Barcelona no seu melhor!

Todos nós já ouvimos falar, ou já visitámos a Casa Milá do Gaudí, o Pavilhão do Mies, a Ponte do Calatrava ou o Palácio de Congressos do Ferrater, mas para conhecermos a Biblioteca de Grácia, a Biblioteca Pompeu Fabra ou o Mercado de Santa Caterina precisamos de VIVER BCN.

Ainda mais importante que os edifícios públicos, como o MACBA e os atrás referidos, são as praças, os largos, os bares, os restaurantes, os objectos, as lojas e as pessoas que habitam a cidade.
Refiro-me à Plaza de la Universitat, à Plaza del Sol, à Calle Vila y Vilá, ao Benidorm e ao Mario que serve as Estrellas, aos Dos Trece, ao Iposa, à la Paloma, ao B-guided, ao Sandwich & Friends, ao la Pelu, à Pepa do 486 da Calle Valencia, ao Rá, à Biblioteca do Colégio dos arquitectos, ao Mercado de la Boqueria, ao Metro, ao Espai Ras, à Apolo, ao Margarita Blue e ao Rita Blue, ao Razzmatazz, à Calle Princesa, ao Born...
Entre estas e outras referências começamos a construir uma pequena imagem de BCN.

E é impossível caracterizar com frases cada um destes pormenores! Seria demasiado redutor! O melhor seria VIVER! Seria apanhar o comboio de Vigo para BCN, ou o “super descuento” da Iberia e tentar viver como os catalães vivem, para retirar o melhor que esta cidade nos pode dar! Para trazermos para as nossas cidades e para as nossas vidas um bocadinho dessa energia frenética que faz com que a cidade nunca pare de nos oferecer momentos, pessoas e uma arquitectura memoráveis!


Marta Abreu

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