PARIS por Paulo Moreira
Gosto de visitar uma cidade várias vezes e começar a ter coisas preferidas para fazer. Integro-me facilmente num novo ambiente, faço a vida que os outros fazem, posso ser turista mas também posso não ser. Fico hospedado em casa de amigos no limite da periferia, numa rua repleta de edifícios inacabados em tijolo com empenas incaracterísticas.
Gosto do Palais Tokyo. Renovado mas mantendo a personalidade original do edifício, o novo uso reflete o pensamento duma sociedade culta e civilizada. A arquitectura não tem que ser cara para ter qualidade. Um museu não tem que restringir o acesso aos visitantes, não tem que impor regras e mais regras, como se a liberdade nos fosse temporariamente retirada. No Palais Tokyo posso levar o meu lanche, sentar-me no bar e conversar com os meus amigos. Posso jantar, ver ou comprar um objecto exclusivo, livros e tudo o que os museus de hoje têm. É bom quando se entende a mentalidade de alguém que imaginou certo espaço, ainda mais quando essa imaginação não previu exactamente tudo o que poderia acontecer.
BARCELONA por Paulo Moreira
Andar de metro faz-me lembrar cidade. E depois quando saio, caminho com o frio de Janeiro, atravesso um viaduto, ao lado há construções paradas, é noite.
Dentro de um quarteirão sujo ouço um som arrebatador, há tatuagens, piercings, repas, pins, cultura urbana.
Momentos antes, num quarto andar no Raval, num edifício velho, interior white washed, tenho a sensação que a fachada não é importante, ninguém vive na fachada. Vive-se na sala cheia ouvindo música, vendo fotografia, folheando livros e começando a conhecer gente que gosta desta coisa que são as cidades.
BERLIN TOKYO PARIS PORTO por Luís Cadeco
3maisadesempre
empolgados a ouvir U2 no máximo, entramos de noite por um empilhado de auto-estradas com uma espécie de torre eiffel como cenário. não percebemos bem, é este o cartão de visitas? 5 minutos depois estamos perdidos, não importa. vagueámos pela cidade, bebemos cerveja e comemos dôners à procura de emoções no lugar que não encontramos. acordo num dia de primavera e tudo faz sentido. encontro-me com a cidade, modesta mas magnífica, densidade histórica, escala e dimensão. meia centena de concertos rock por semana, ópera, teatro cultura, culturas diferentes, confluem. consistente. ... torstrasse 70 - entramos, subimos até à cobertura para o último churrasco, uma torre no horizonte sempre presente. as memórias precipitam-se viagens de campo, floresta, nadar em lagos, sair à noite, festas, o som, inédito em primeira mão, no sítio certo.estamos de saída;
estou preparado. sabia o essencial: meias sem buracos e comer a fazer barulho. aprendo com o mestre evoluo a técnica, sou elogiado e reconhecido. os pauzinhos não têm segredos para mim, a vida é peculiarmente simples;
parto deste estranho mundo onde viviam em cápsulas. blocos de pedra empilhados, edifícios, quarteirões. culto do património. os carros estão sujos e amolgados. está tudo igual aqui em casa, falam com um sotaque diferente mas habituo-me, glamour e ostentação, bebo champagne, escuto tudo, demasiado;
viajo no tempo, revisto a cidade, música nova. de volta às festas do museu. esgoto o programa. ritmo frenético, intensidade, projecção e densidade dão lugar a outro universo, outro focar. compro candeeiros e tapetes, barquinho no clube e passeios de fim de semana.
penso em ti, sempre