city-scape
domingo, outubro 16, 2005
PORTORefiro-me à minha cidade. Onde nasci. Não quero, não é esse o intuíto destes textos, descrever os passeios de granito e a neblina romântica, as pontes e as escarpas construídas que caem em direcção ao rio. Prefiro enumerar experiências, pensar em coisas que aconteceram hoje mesmo. E uma vez que escrevo a poucos dias de abandonar novamente a minha cidade, depois de já a ter deixado noutras ocasiões, apetece-me referir as últimas coisas que tenho feito por cá, sem saudosismos de infância. Faz 1 ano que voltei, depois de 2 anos fora. Muita coisa se passou, especialmente ter vivido o Porto com uma nova atitude, tenho consciência disso. Andar a pé pela Baixa, almoçar numa tasca em Cedofeita, comprar qualquer coisa numa loja escondida e lanchar na porta ao lado. Viajar de casa até ao centro, 20 minutos a experimentar a cidade, alterar os percursos por diversão, estacionar facilmente em lugar privado, subir ao atelier, fechar a porta e pensar sozinho ou acompanhado. O Porto mudou para mim, desloquei-me: de dia e de noite. Recuperei uma parte do tempo perdido, fiz por isso. Vivi paradoxos nesta cidade, os sítios onde ia e com quem o fazia, um ano de transição, o fim de um ciclo, eventualmente. Parte importante do meu ano foi vivida numa sala com 3 janelas, 2 mesas e 1 sofá na Rua Mártires da Liberdade. Isso mudou tudo. Descobri coisas que não tinha ainda experimentado e regressei a sítios que havia deixado pra trás, o Estádio do Dragão, a Casa da Música, as Moagens Harmonia, o Fantasporto, os churrascos da FAUP, as festas na garagem de taxis, na Alfândega, no Bairro Inês, na Breiner House. O Cubo, Piolho, Passos Manuel, Artes Múltiplas, Contagiarte, Indústria, há muito pra viver. Um dia que volte quero descobrir que há muito mais ainda, sentar-me com amigos num restaurante qualquer, comer uma francesinha e orgulhar-me da minha cidade. O Porto.Paulo Moreira
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