city-scape

terça-feira, novembro 22, 2005

 
BARCELONA por Inês Moreira

BCN x 3 diários

Barcelona. Não é a minha cidade. Essa é o Porto, embora eu viva há 2 anos emLisboa. Barcelona, é lugar comum dizer-se, para mim é um conjunto de cidades diferentes que fui experimentando ao longo do tempo. Não tinha esta noção, até que estive em Barcelona em Novembro (neste!) e vim com a incumbência de colaborar no city-scapes. Ficam algumas memórias destas 3 cidades.

1. do postal de história da arte ao erasmus (até 2000)
a primeira BCN, das férias com os pais e irmãos, do Gaudí, do Dali, do Miró, das sardanas, dos jogos olímpicos, do Picasso, figuras que depois aprofundei na visita de estudo da escola secundária (também envolvida em estórias da turma) é a cidade da moldura postal, a da historia da arte moderna. Conheci uma cidade que me fez querer regressar no programa erasmus, no 5º ano da faculdade. Então, quis viver no ensanche, esse ícone do urbanismo moderno. A linha verde levava-me do meu quarteirão até à cidade universitária, na ponta dadiagonal, um pólo concentrado de serviços para estudantes que eu também não conhecia. Divagava pela BCN de experts pouco experts, uns lugares alternativos, uns bares de cava e champanhe, muito estrangeiro. Muito português, pouco catalão. No meio de muito projecto e da teoria da arquitectura que aí conheci, explorei a cidade antiga, o colégio dos arquitectos e a sua biblioteca. Por diversos meios absorvia informação. Conhecia uma BCN ainda muito mainstream.

2. a transição: do ensanche para a cidade velha (2001-2003)
Foi num curto estágio que realmente conheci a cidade velha.
Trabalhava numa passage, essa figura do urbanismo do século XIX (que em Portugal não existe), que só conhecia dos livros. Trabalhava com gente que já vivia fazia tempo e me mostrou um pouco mais, numa visão mais “de dentro”. Então, nos percursos ensanche-gótico and back, fui conhecendo uma cidade à qual quis voltar. Inscrevi-me no mestrado e, já sem tugas nem referentes conhecidos, mais importantes do que aqui parece…). No pólo cultural do macba/cccb estabelecia percursos até ao borne onde vivia. Após as aulas de mestrado fazia uma descoberta diária de novos lugares. A sesta, as sombras, o raval cada vez mais profundo e menos temido dado o meu conhecimento. O domínio da cidade deu-me a sensação de ser agora um deles. Estava já camuflada. Bcn era minha. Existia todo o tempo do mundo para lá estar. Sempre pensei que ficava até que fui para Lisboa. E voltei para conhecer BCN diferente.

3. BCN – pós estudos. 2004-2005
ir e vir. ir e vir.
em 2004 com Paulo. Em 2005 com o Paulo e com a Violeta, encontrando o meu irmão a viver no meu bairro. Já não é primavera-verão (as épocas de mestrado), mas sim Outono. E chove… muito não é a mesma cidade. Agora BCN é outra. Não há tempo para fluir na sua naturalidade. Há agora uma agenda, reuniões, contactos. Não tenho casa, fico num hotel: 1º central, para fingir que ainda lá estou. Depois mais longe, melhor, com mais qualidade e já pago pelos espanhóis que organizam a feira na qual participo. Não posso andar de metro, pois a violeta ainda é frágil e o seu carrinho pesado. Não vou à biblioteca, vou à livraria, aproveito para trazer a informação que lá não chega tão cedo. Não vejo os meus amigos, mas conheço gente e faço outros contactos. Penso ir à cidade que antes também era minha e não a encontro. Isto é surpreendente. Encontro uma outra BCN, que continua aberta, em novidade e variedade. Espero voltar com mais tempo, dentro em breve. Para mim Barcelona é BCN x 3.
São 3 cidades que conheci.
Pensando nelas, espero que venham a ser ainda mais.

Inês





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