city-scape

domingo, março 05, 2006

 
BORN
Um bairro na cidade velha habitado por gente nova. Nas ruas há raparigas loiras a passear cães pequeninos. Não se fala tanto catalão como castelhano ou inglês.
A primeira casa tinha uma entrada que dava para um pátio. Uma segunda porta que rangia muito e umas escadas confusas, uns 10 lanços com diferentes direcções até ao primeiro piso. A casa era pequena, o meu quarto não tinha janelas nem chegava a 6m2. Mas era muito alto, toda a casa tinha 4,8 metros de pé direito. A sala tinha uma varanda onde me sentava às vezes a olhar para a Igreja de Sta Maria del Mar. Era o melhor espaço da casa. Vivia com três suecas de 25, 27 e 29 anos e respectivos cães pequeninos.
A segunda casa fica a 3 minutos. É um edifício grande e imponente com 170 anos. Tem uma arcada em 3 lados com uns 4 ou 5 metros de largura, pilares de pedra fortes e maciços. Na esquina fica o Restaurante 7 Portes que é muito concorrido, nunca entrei mas já ouvi a música do piano e espreitei pelos vidrinhos ligados por molduras de chumbo. Uma espécie de rua pedonal atravessa transversalmente o edifício. Chove no centro desta passagem e já me disseram que em Nápoles as casas também são assim. Moro no último piso: 2º para os espanhóis mas 4º na nossa nomenclatura. O último é o mais baixo, tem cerca de 3 metros de altura. O mais alto é o Principal. O puxador da porta é cerâmico, tal como na primeira casa. Há 2 salas ligadas por 2 átrios. Todas as portas e janelas das salas e átrios estão alinhadas frente-a-frente, coincidindo com o eixo de simetria do edifício e consequentemente do quarteirão. O meu quatro tem cerca de 30 m2. Tem uma pequena varanda virada para o Born. O pavimento é cerâmico e colorido, um puzzle que forma um padrão típico das casas de Barcelona. Tenho uma cama grande e um estirador antigo que encontrei, limpei e montei.
Nas traseiras da minha casa fica a Champanheria. Na Champanheria bebe-se cava e come-se sandes de lombo com queijo ou pimentos. A Champanheria está sempre muito cheia, come-se de pé e apertado e normalmente conhece-se ou encontra-se gente. Vou à Champanheria pelo menos uma vez por semana, é bom, barato e tem carisma.
Nos fins-de-semana gosto de ir às Pizzas del Born. As pizzas del Born são argentinas. Nos Sábados ou Domingos à tarde em que vou às Pizzas del Born tenho conversas e ouço uma música agradável. As pizzas vendem-se em porções de 1,5 euros. Às vezes reparo que cada mesa tem coca-colas e gente que não tira os casacos nem os cachecóis, como eu, não por ter frio mas por preguiça. As conversas-do-dia-seguinte vão fluindo, às vezes estou distraído a ouvi-las e reparo que se decide fazer uma tatuagem num dia como esses. Algo que a sueca Tove já me havia mostrado, vem tatuando o corpo desde há 6 ou 7 anos, e nunca vi ninguém em que ficassem tão bem.
Paulo





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